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O Jardim da Celeste

...este é um espaço que revela alguns "pecados" do povo tuga. Os nossos políticos são do pior... e o povo manso releva...

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O Jardim da Celeste

11
Nov08

A angústia do Português, na véspera de desaparecer definitivamente da História

TC
Imagem do KAOS
De há uns dias para cá que a vontade de escrever é diminuta. Este blogue tem tentado manter uma veia satírica central, mas a sátira só é possível à custa de uma Realidade que pareça minimamente plausível..., sim..., nós sabemos que o Rei vai nu, mas, quando chegamos aos extremos a que ultimamente temos chegado, dos BPNs, das palhaçadas madeirenses, do silêncio do Chefe Supremo das Forças Armadas, da Dona Lurdes, que não percebeu que está humana e politicamente morta, da auditoria às contas da SIC, dos rumores do Montepio, da Caixa Agrícola, do BES e do BPI, dos almoços dos militares que se multiplicam, do aspecto das pessoas, nas ruas, nos transportes públicos, cabisbaixas e sem esperança, da enorme fantochada internacional, com o Bush a fazer as últimas, dizendo que queria abandonar a Casa Branca, mal pudesse e a saudar Obama (!), bom, não fica espaço para qualquer tipo de sátira, já que a Realidade é ela própria uma soturna sátira de si mesma.
Vítor Constâncio, toda a gente sabe, já devia estar demitido há muito, assim como Lurdes Rodrigues, o Cágado da Economia, e presos os Juízes todos que têm permitido o clima de impunidade do Estado de Não-Direito em que vivemos, mas não, a "Ordem" Democrática segue, e Constâncio vai mentir perante as Cortes.
Vou adorar.
Aparentemente, a Função Pública, os párias da Sociedade, nada eram, perante a pequenina ponta do lençol, que se levantou com o BPN, que, por sua vez, já era uma réplica do que sucedera no BCP.
Tudo, aliás, em Portugal, deve estar num estado parecido com o BPN e o BCP, mais coisa, menos coisa, a diferença é que, há meia dúzia de anos atrás, ainda se disfarçava a coisa, e agora já não se disfarça. Esperto foi o Guterres, que fugiu do "Pântano"...
O meu maior medo nem é interno. Estava a pensar em Tijuana, ou lá como é que aquela porcaria se chama, e Tijuana é, nada mais, nada menos, do que uma gigantesca favela de hispânicos, que se estende desde a fronteira do México até Los Angeles, e está, progressivamente, a invadir a grande cidade, tornando-se numa megalópolis de barracas e "desperados", que fazem surgir nos guias que aqueles lugares do nosso imaginário, Hollywood Boulevard, ou Sunset Boulevard já venham referenciados como "seguros apenas até ao número tal", e frequentável "apenas até à hora tal", Depois, vêm os desvalidos do Sonho Americano, com 14, 15, 16, 17 anos, assaltar os detentores de blusões de pele, de malas de marca, de jeans (!) -- sim, a "Lois" também fechou...-- assaltar quem podem. As lojas oscilam entre dois registos, quinquilharia, artigos de puta, quinquilharia, artigos de puta, quinquilharia, artigos de puta, ou uma versão "simplex", artigos de puta, artigos de puta, artigos de puta, artigos de puta, artigos de puta, etc...
Acho fantástico, enquanto o sistema funcionar, ou seja, não houver só putas, mas também clientes, mas a situação deve durar pouco, com o excesso de oferta.Lindo vai ser o dia em que Obama, na iminência de uma insurreição generalizada e de uma guerra civil latentes, venha comunicar, não aos 15% de afro-americanos, mas aos 30% de "riqueños" que vão ter de ter muita paciência, mas o Sonho Americano acabou, e vão ter de passar a papar uma nova dieta, o Sonho Mexicano.
Vou adorar.
Ontem, o Paulo Pedroso, que anda outra vez ocupadíssimo, disse-me, ao telefone, que eu próprio andava numa deriva proto-neo-marxista, e às tantas até ando, embora só tenha lido a primeira página do "18 Brumário", e mais por causa de Napoleão do que de qualquer ideologia. Para vergonha minha, acho que, aos 15 anos, li "Mein Kempf" até meio, até perceber que aquilo era obra de uma mulher histérica de bigode, mas suponho que todas as ideologias tenham sempre uma mulher histérica de bigode à sua frente, seja ela Marx, seja ela Hitler.
Na realidade, isto está mau.
Naquele célebre sábado, lá desci a Avenida, em sentido inverso ao da Manifestação, para ver as montras da Boss, da Loewe e do Zegna, com toda a gente terrivelmente vestida, a anunciar um empobrecimento súbito de uma classe remediadamete média, até há uns anos, e acabei a tarde, com a Lena, a discutir o declínio da América Clássica, com a sensação de que aquelas 120 000 pessoas, uma das muitas classes que, neste momento, estão francamente mal, em Portugal, tinham sido discretamente ludibriadas. Havia uma gaja, daquelas histéricas, que berrava palavras de ordem num megafone, palavras nas quais ninguém pegava, e um outro gritava números, mas isto tudo soava ao pior carimbo que se pode pôr a uma coisa daquelas: "auto-complacência".
Foi a manifestação do Vazio e do Gelo.
Como dizem as línguas mais viperinas, para não darem aulas, os Sindicalistas seriam, e foram, capazes de vender a alma ao Diabo. Não sei se dar aulas já estará num patamar tal de degradação que tenha transformado qualquer lutador sindical num pequeno fausto, mas tal parece ser.
A figura que emergiu, imponente e fabulosa, foi a Gárgula Lurdes, com o seu apêndice, Sócrates, que agora tem um fantástico argumento entre mãos: que descarrilamento houve entre os poucos meses em que os Sindicatos dessa Classe se sentaram, à mesa, para com ela negociarem -- ela, a que mandara professores trabalhar até à morte... -- e o dia em que resolveram voltar para a rua, traindo o acordo, e levando a reboque 120 000 desorientados, que não perceberam que estavam a ser joguetes de uma novela que já não era, há muito, a sua.
Dia 14, parece, Cavaco vai ter um susto militar nos Açores, mas, no dia 15, das duas três: ou Portugal amadureceu ao ponto de ter uma Opinião Pública sólida, e transforma Lisboa num campo de pré-insurreição, ou se junta uma meia dúzia de gatos pingados, para pôr Lurdes e Sindicatos a esfregar as mãos, mostrando que não é possível respirar sem a sua omnipotente e omnipresente presença. Com uma manifestação maior, coisa difícil, arrumam-se Ministra e Sindicatos; com uma manifestação menor, são os Professores que ficam em sérios apuros. Em qualquer dos casos, meus meninos, e sendo cínico até a undécima casa, a Rainha faz o Roque, e a Ministra ganha sempre.
Parabéns.

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