9A incompetência de um técnico de alta craveira, de um reconhecido professor universitário ou apenas o estrebuchar do moribundo?
Fernando Teixeira dos Santos, ministro das finanças, politicamente é, um farsante. O técnico, o professor universitário, deixou-se transformar num clown. Ganhou o político, perdeu o técnico, o professor, o cidadão. Honesto, autêntico, sério, verdadeiro, competente, digno, foi Luis Campos e Cunha. Ao contrário daquele, este, ciente que o doente necessitava de uma profunda e cuidada intervenção cirúrgica e por maior e doloroso que fosse o recobro quando se convenceu que, entre isso (que solucionaria parte substancial dos padecimentos) e a pequena cirurgia, com anestesia local, menos dolorosa e de recobro imediato (que resultaria de facto em fazer com que o paciente continuasse a sofrer embora menos) optou pela objecção de consciência. Ganhou ele, perdemos nós! ganhou a “política”, perdeu ele!
Fernando Teixeira dos Santos, ministro das finanças, por causa da “política” passou a ser, tecnicamente, um farsante. Assim me obriga a qualificá-lo ao ouvi-lo desafiar um deputado da oposição (Diogo Feio) a «adivinhar o preço do barril de petróleo daqui a ...» porque o deputado da oposição o entalava no que respeita a alguns dos pressupostos com que o ministro das finanças prospectivou o comportamento da economia portuguesa para o ano de 2008 e 2009... coisa que nem sequer é especulação, retórica ou chicane política. São factos. Factos recentes, e como Teixeira dos Santos bem sabia ao permitir-se tal, não levados a sério pelos cidadãos e destroçados pela realidade.
Quando elaborou o OE fê-lo no pressuposto de um preço médio anual do barril de petróleo de, salvo erro, 72 dólares. E que o produto iria crescer 2,2%. Nessa ocasião, o preço médio já era superior 85. Quando em fim de Abril, princípio de Maio rectificou os números e estabeleceu que, ao preço médio de 115 dólares, cresceríamos 1,9%. Quando o disse o preço roçava os 130. E cresceríamos 1,3%. Certo é que dos 130 (valor médio anual) – oxalá!vamos acreditar que sim - não baixará. Não encontra razões para alterar em nada o prognóstico. O PIB no 1º trimestre foi de 0,9%. Para se atingir um crescimento de 1,3%/ano o crescimento terá de ser já no fim de Junho, igual ou superior, a 1,43%... crescer, em relação ao período homólogo anterior, pelo menos 55%... ou seja, inverter em rigôr o comportamento dos três últimos trimestres. Probabilidade real e efectiva em cabeças iluminadas.... até porque a banda de flutuação da paridade euro-dólar se mantém entre os 6,7% e os actuais 8% (péssimo para as nossas exportações) e a cotação do petróleo entre os 45% e os actuais 49% (desde o início do ano – fonte Expansion).
Por outro lado (para isso socorro-me de dados de quem tem informação privilegiada – Dr. Tavares Moreira), apesar da economia se encontrar praticamente estagnada quiçá em recessão (veremos dentro de quinze dias), os números mostram um forte agravamento do défice com o exterior - o défice da balança corrente evidencia um aumento de 41,75% em relação a idêntico período do ano passado (de € 4.678 milhões para € 6.631 milhões) «sugerindo que no final do ano pode ficar bem acima de 12% do PIB»; o défice na rubrica dos rendimentos (evidencia a nossa dependência financeira externa) subiu 36,3% (de € 1.959 milhões para € 2.671 milhões) «a manter-se este ritmo, atingirá no final do ano a bela cifra de € 10.000 milhões ou seja, 6% do PIB ... com este nível de dependência financeira do exterior, que deverá acentuar-se ainda mais nos próximos anos, o problema do financiamento de todos os sectores institucionais - Famílias, Empresas, Estado –está a transformar-se num pesadelo».
Não fosse a nossa economia estar tão dependente de tanta coisa e ainda mais do Estado o que quer dizer que, a política orçamental é importantíssima (em países à séria o OE e a política orçamental só são ou podem ser episodicamente importantes) digo mesmo, vital. Não fosse essa circunstância e bem podia dizer a Sócrates e aos “adjuntos” que, ao OE para 2008, bem podem limpar-lhe o cú.
P.S.: já agora que estamos na onda de dar destino e utilidade a uma série de documentos, vem a talhe de foice sugerir que, podem fazer o mesmo com o último relatório da OCDE sobre Portugal. Porquê? porque para quem o leu como eu li, as conclusões estão tão equivocadas e desfasadas da realidade quanto o estão todos e cada um dos dados e índices que lhes foram cedidos para assim concluirem. Quem os forneceu foram exactamente os mesmos que ponderam e elaboram os prognósticos cá dentro aliás, para que não se pense que isto é dizer mal por dizer mal, transcrevo passagens... de sorrir! (amarelo) para não chorar.
«A taxa de desemprego tem subido desde o início da década. Recentemente, há sinais de que esta taxa está a estabilizar(...) um notável crescimento dos projectos de investimento directo estrangeiro em Portugal (...) No que diz respeito ao desenvolvimento do capital humano, há reformas interessantes em curso na área educativa. O bem concebido programa Novas Oportunidades está a ser implementado; proporcionando novas oportunidades de aprendizagem a jovens e adultos. Os resultados iniciais são promissores»